Anestesia Geral

Com a crescente onda de violência (e com a minha infeliz sensação de que a situação atual não parece ter solução) sinto-me cada vez mais presa. Não estou dizendo que eu já fui à pessoa mais festeira e “rueira” do mundo... Muito pelo contrário. Sou uma NERD convicta que, caso ninguém solicite, não saio do quarto. A questão é que, antigamente, eu ainda gostava de passar horas em uma livraria, tardes olhando o mar. Eu saía pouco, mas saía. Contemplar o horizonte ou demorar a escolher um bom livro mantinha-me viva. Era uma rotina pacata, solitária, introspectiva. Contudo, era revigorante e fortalecedor. A questão é que já não se pode nem fazer mais isso. Pelo telefone ou através das redes sociais, somos notificados, a cada minuto, de que a onda de violência cresce exponencialmente. Assaltos, arrastões, furtos, mortes, enfim, trata-se de uma enxurrada infindável de crimes. E os mesmos não estão sendo praticados longe de nós. Estão em todas as esquinas. Não existe mais a história de que determinados bairros é que são perigosos. Icaraí deixou de ser a “Menina dos Olhos” de Niterói e a “Rua Coronel Moreira César” já não é mais, faz tempo, o endereço mais badalado e seguro da cidade. Estamos entregues à bandidagem. Salvem-se quem puder!
E, no meio deste caos, eu – pequena, assustada, trepida e medrosa – escondo-me, cada vez mais, atrás das grades. Afinal, somos nós que estamos no “xadrez”!E, no meu mundinho, entorpeço-me cada vez mais de filmes. Não me viciei, até o presente momento, em muitas séries. Sou das antigas. Estou ficando velha. Meus costumes me prendem às breves sessões e duas horas de projeção, que consomem minhas retinas e alegram meu coração. São duas horas de “anestesia geral”, como eu costumo falar. Saio de mim, desdobro, flutuo, me esqueço, quiçá, amoleço! E é assim que tenho conseguido levar... Uns bebem para esquecer. Eu entrego-me a histórias, para não ter que encarar o tempo todo nossa triste e amarga realidade.
Por conta disso, tenho assistido a filmes maravilhosos. Indico, a todos, “Operação RedSparrow”, que mostra algumas lindas mulheres russas que são recrutadas, a força, e treinadas para atuar no serviço de segurança do país. Tais pessoas perdem o senso de humanidade e passam a lutar e a matar suas vítimas sem um pingo de dó. O foco do filme é dado a uma das meninas, interpretada pela talentosíssima Jennifer Lawrence. Quem gosta de tensão, em uma trama bastante envolvente, vai adorar!
Outra película que tive o prazer de assistir foi “Uma Espécie de Família”. O longa – que retrata a adoção ilegal em Misiones, na fronteira com o Brasil – conquistou o prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Chicago e já ganhou também o prêmio de melhor roteiro do Festival de San Sebastián. Uma médica, que deseja ser mãe a qualquer custo, decide tentar “adotar” uma criança por meios ilícitos. A questão é que os pais biológicos da criança exigem cada vez mais dinheiro para que o sigilo seja mantido e para que ela continue com o bebê. É de tirar o fôlego!
Por último, quero sugerir uma comédia romântica leve e maravilhosa: “De Encontro com a Vida”. Esta, realmente, serve para tirar o foco da realidade. Literalmente! Imagine um jovem que foi diagnosticado tendo apenas 80% da visão. Sim, ele apenas vê vultos. Porém, ele não deseja se limitar a ter uma vida improdutiva. Ele quer trabalhar e concorre a uma vaga de camareiro, no mais famoso hotel de Munique, na Alemanha. Risadas do início ao fim da projeção... E, no final, a doce história de que o amor não tem local, data e nem hora para chegar... E nem, muito menos, vê barreiras!
Enfim, estas são algumas boas dicas de entretenimento. Ou seria de entorpecimento? Enfim, de qualquer jeito, estas sugestões são fantásticas para quem curte o mundo da Sétima Arte: puro, fascinante e criativo. Tomara que, um dia, a vida volte a imitar a arte! Boa semana para todos!
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